Holismo e Aprendizagem Escolar: mais estudo sobre o reducionismo (III)
Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Antes de continuarmos este tema metodológico do ensino, com mais conceitos e aplicações do holismo, vamos reforçar a explicação dada há duas matérias das sextas-feiras 30 de dezembro e 2 deste janeiro. O lembrete básico refere-se ao embate paradigmático reducionismo versus holismo. O primeiro modelo, de origem cartesiana, baseia-se na posição filosófica caracterizada pela tese de que as propriedades do todo podem ser reduzidas às propriedades das suas partes. O segundo modelo, holismo, tenta provar que, na medida em que as partes pertencem ao todo, necessitando-se acrescentar contornos intervenientes, como os sensoriais e emocionais, inova-se com um paradigma mais sustentável para a aprendizagem escolar.
Nesta matéria, estudaremos, um pouco mais, sobre o reducionismo – como ele pode ser analisado academicamente, à luz da Filosofia, particularmente da Lógica. Vimos, nas duas matérias anteriores, que, pela redução de uma teoria – do seu número de premissas antecedentes ou da premissa conclusiva (conseqüente), este modelo pode ser aplicador a fatos e fenômenos, através de diversas teorias, significados, objetos, inclusive as explicações.
Há três formas de reducionismo: a metodológica, que trata da redução das explicações científicas e filosóficas ao menor enunciado possível; a teórica, que trata da redução do poder de explicação e da predição de uma teoria a outra; e a ontológica, que procura reduzir a realidade ao menor número possível. A forma ontológica tem sido a forma mais estudada, a mais debatida, a mais relevante. Por quê? É que se trata de uma posição metafísica, baseada na hipótese de que a realidade compõe-se de um número mínimo de substâncias ou de tipos de entidades.
Vale nossa orientação, para quem deseja saber mais sobre a forma ontológica do reducionismo, como um preceito histórico que conduz o estudioso a entender melhor a posição desse modelo, em sua versão radical – tanto monista como dualista. Deste modo, poder-se-á descobrir que o reducionismo ontológico justifica-se pelo fato de que todas as propriedades, objetos e eventos do mundo podem ser reduzidos a uma única substância (monismo), ou a duas (dualismo).
Citemos dois exemplos desta forma ontológica: focando-se a redução das propriedades da mente às propriedades da matéria (monismo), uma vez que só há a matéria, como substância fundamental; já pelo dualismo, pode-se ilustrar a manutenção de matéria e mente (ou matéria e espírito), como substâncias básicas, fundamentais. Desta forma, as substâncias funcionam, semelhantemente, ainda que variem em quantidade.
Com base na revista digital Infoescola, “Na educação, o reducionismo não questiona a lógica clássica, que fundamenta o pensamento moderno, implícita na organização disciplinar e nas [diversas] práticas educativas…”, o que faz com que as pessoas não tenham consciência de que seus raciocínios são guiados por essa lógica. Vale o lembrete de que o reducionismo não questiona a lógica clássica que fundamenta o pensamento moderno, implícita na organização disciplinar e nas práticas educativas, o que faz com que as pessoas não tenham consciência de que seus raciocínios são guiados por essa lógica.
Veremos, na próxima sexta-feira, as teses pró e contra a aplicação do reducionismo na Educação e em que se contrapõe à holística, com base no seguinte argumento: Ao defender-se a formação plena do indivíduo em sua relação com tudo e com o todo que o cerca, a educação holística rompe com diversos paradigmas, que se sustentam sob o modelo de educação tradicional, tal como ocorre com o modelo reducionista, principalmente porque divide o ensino entre disciplinas estanques que não se interagem, nem com os espaços da escola, além da sala de aula, nem com outras pessoas que, de forma direta ou indireta, vivem, perifericamente, sob a luz do saber formal escolar.
Tenham um ótimo final de semana!
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