Prof. Eduardo Ubirajara

Nossos leitores devem ter notado que iniciamos, sempre, as nossas matérias, no formato de capítulos, lembrando, sumariamente, o teor de cada capítulo visto, antes de expor, sequencialmente, o conteúdo de cada novo capítulo. E, após o fechamento de todos, contendo as 11 principais encíclicas propostas nos primeiros capítulos (I e II, conceituando e justificando os termos do assunto em pauta), faremos um resumo conclusivo, com alguns acréscimos interpretativos.

Como os(as) leitores(as) têm percebido, essas cartas papais foram escritas em resposta à realidade do mundo atual, especialmente no que tange à fé e à moral, associadas aos temas cobradores de justiça social, porque abordam situações dialéticas com base em verdades oriundas da razão humana e reveladas pela fé cristã. Assim, o objetivo principal deste motivo temático tem sido o de sensibilizar as pessoas responsáveis e interessadas pela paz cristã, a promoverem o resgate da tese de que a vida em sociedade deve cumprir os requisitos da justiça, fomentando-se a verdadeira liberdade, respeitando-se as diferenças e, deste modo, assegurar uma dignidade humana permanente.

Até a matéria anterior (IV), vimos alguns destaques históricos da fundação da Igreja Cristã, que asseguram as orientações de Jesus para o apóstolo Pedro, extensivas aos demais discípulos, sob os pilares da Evangelismo e da Caridade Humana. Desta forma, as encíclicas, destacadas até aqui, e as que virão na próxima matéria (9ª, 10ª e 11ª encíclicas), focalizam a inserção de questões ligadas à busca da Paz, a partir da consolidação da Justiça Social. As encíclicas já vistas, em nossas matérias, foram: Rerum Novarum, de Leão XII (1891), Quadragesimo Anno, de Pio XI (1931), Mater et Magistra (1961) e Pacem in Terris (1963), ambas de João XXIII, e a Populorum Progressio, de Paulo VI (1967).

Nesta matéria, seguem mais três encíclicas, todas elaboradas por João Paulo II: Laborem Exercens (Sobre o trabalho humano), de 1981; Sollicitudo Rei Socialis (A Solicitude Social da Igreja), de 1987;  Centesimus Annus (Centésimo Ano), de 1991.

Na Encíclica Laborem Exercens, acrescenta-se mais um reforço ao alicerce do fundamento da Doutrina Social Cristã. O Papa João Paulo II destaca a importância do trabalho como pedra basilar da existência humana, cujo significado só pode ser entendido, quando esteja consolidada a dignidade do trabalho. A ênfase desta Carta é lembrada em todos os países em que o Papa visitou, durante o papado dele. O mesmo teor básico da Laborem Exercens ocorre na encíclica Sollicitudo Rei Socialis, quando o João Paulo II continua a análise sobe a globalização, entre os anos 1967-1987, destacada na encíclica Populorum Progressio, ressaltando a importância da necessidade de se considerar a plenitude do ser, a partir da natureza moral do desenvolvimento. O arremate axial das encíclicas da Doutrina Social Cristã dá-se na Carta Centesimus Annus, escrita durante a comemoração do 100º aniversário da Carta Rerum Novarum, do Papa Leão XII. João Paulo II faz uma contundente crítica aos atuais sistemas econômicos, ao afirmar que “[…] em alguns sistemas, a necessidade humana coletiva não pode ser atendida por meio de seus mecanismos.” Diante dessa posição dele, em defesa dos mais pobres trabalhadores explorados pelo sistema econômico, o Papa conclama as nações a investirem no bem comum da humanidade.   

Na próxima encíclica, que veremos na matéria seguinte, a Evangelium Vitae (1995), João Paulo enlaça os fundamentos da Doutrina Social com questões ainda polêmicas, a exemplo da Encarnação, da cultura da morte e do aborto, tudo em função da defesa Dele pelas pessoas mais necessitadas.

Lembrete: Todas as fontes de referências deste tema estarão no final da última matéria (VII) do dia 19 deste mês.