Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Nesta segunda matéria, sobre o assunto titulado acima, veremos uma pequena revisão dos conceitos pertinentes ao termo encíclica, vistos na matéria da terça-feira passada. Além de revisarmos sobre o significado (o que é?) da palavra encíclica(s), lembraremos, também aqui, qual o objetivo principal (para que servem?) e a justificativa (por que fazê-las?). Então, comecemos revendo O que são encíclicas? São cartas esclarecedoras, promulgadas pelo Papa e disponibilizadas aos fiéis católicos cristãos, porém acessíveis a qualquer pessoa pertencente a outro fundamento religioso – cabe ler, na matéria anterior, a amplitude deste conceito.
Para que e como elas servem? O objetivo principal das encíclicas é contribuir para a formulação de diversos programas sociopolíticos voltados à promoção de mudanças favoráveis à maioria da humanidade, principalmente às classes mais vulneráveis. E como oferecem, geralmente, princípios orientadores importantes, sobre os quais os fiéis podem refletir, elas atentam para a necessidade de paz, de maior respeito à cultura e ao meio ambiente de cada povo, de melhores condições de vida (educação, alimentação, saúde, habitação, lazer). Logo elas apelam para que haja uma crescente solidariedade espontânea das classes socioeconômicas das nações mais abastadas, atentando para uma melhor distribuição de renda – justiça social. E tudo isso com as forças da fé, da caridade, da piedade, do perdão e do amor ao próximo.
A quem elas interessam e Por quê? Interessam a todas as classes: às classes mais necessitadas (C e D), porque não têm um sólido e estável poder aquisitivo, capaz de suprir todas as necessidades humanas; às classes melhor aquinhoadas, porque têm domínio e controle socioeconômicos, na maioria crescentes, capazes de cooperar, de forma humanitária e justa, para o desenvolvimento social das classes mais baixas. Pois são estas (C e D) que precisam lograr, na sua força de trabalho, uma qualidade crescente na produtividade, para alinhar o sucesso e a felicidade de todas as classes.
Vale ressaltar que esses compromissos, expostos no parágrafo acima, são importantes porque é nas encíclicas sociais, que essas demandas citadas são expostas aos seus fiéis seguidores, à luz da fé cristã, informando sobre a razão humana como ocorre, pois a forma como vivem e estruturam-se as sociedades levanta questões morais de responsabilidade cooperativa de todos os líderes sociais – governamentais e não-governamentais.
Anunciamos, mais abaixo, os títulos das 11 principais encíclicas, que contemplam, também, questões de ordem social, que selecionamos e compilamos, a partir de cinco fontes consultadas – ver nas referências, ao final das matérias III e IV. Na semana passada, registramos as primeiras referências na matéria I. Na próxima matéria (III), do dia 18 deste mês, veremos um resumo das 4 primeiras, cada uma contendo, também, ao fim do citado resumo, um breve comentário nosso.
Vale, antes, ressaltar que a primeira carta de caráter encíclico, que não está registrada entre as últimas 297 encíclicas públicas nos últimos dois séculos, teve origem em São Pedro, o primeiro Papa Católico. Ele tivera recebido esse magno papel, de Jesus Cristo, o Supremo Poder Pontifício. Pedro instituiu a primeira ordem eclesiástica e a oração do Pai Nosso. E há, também, um registro da primeira encíclica escrita, com literatura histórica da humanidade, entre as 297 (número citado no parágrafo anterior), sob a autoria do Papa Bento XIV (1740–1758). Esta encíclica teve o perfil de uma Carta Circular da Doutrina Cristã, cujo registro oficial leva o termo epistola encyclica, e sua consulta remonta às raízes históricas do Cristianismo.
As principais 11 encíclicas sociais, que compõem a Doutrina Social da Igreja Católica, são: 1ª) Rerum Novarum (Das coisas novas) – Leão XII (1891); 2ª) Quadragesimo Anno – Pio XI (1931); 3ª) Mater et Magistra (Mãe e mestra) – João XXIII (1961); 4ª) Pacem in Terris – João XXIII (1963); 5ª) Populorum Progressio – Paulo VI (1967); 6ª) Laborem Exercens (Sobre o trabalho humano) – João Paulo II (19810; 7ª) Sollicitudo Rei Socialis (A Solicitude Social da Igreja) – João Paulo II (1987); 8ª) Centesimus Annus – João Paulo II (1991); 9ª) Evangelium Vitae – João Paulo II (1995); 10ª) Deus Caritas Est (Deus é Amor) – Bento XVI (2005); 11ª) Caritas in Veritate – Bento XVI (2009).
No último capítulo desta série, faremos uma alusão a duas recentes encíclicas sociais: a primeira encíclica da história escrita por dois Papas, Francisco e Bento XVI, em 5 de julho de 2013, publicada com o título Lumen fidei (A luz da fé; e a Laudato Si’ (2015)(1), com comentários de Rice (2015) e uma síntese nossa.
(Tenhamos uma boa leitura, com ótimo proveito!) > edubira (11/6/2024)
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