Teoria da Constelação Familiar Sistêmica (IV): um estudo de caso bem sucedido com aplicação da CFS na aprendizagem escolar
Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Nesta quarta matéria da terceira série sobre a aplicação da Teoria da Constelação Familiar Sistêmica na Educação, apresentamos um resumo comentado sobre um estudo de caso, envolvendo uma criança de nove anos, presente no artigo Psicopedagogia e constelação familiar sistêmica. O artigo foi publicado pela psicopedagoga clínica do HC da USP de Ribeirão Preto-SP, Ana Lúcia de Abreu Braga, na Revista Psicopedagogia. v. 26, n. 80, p. 274-285, São Paulo, 2009. O assunto e o problema estão disponibilizados, etronicamente, em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S0103-84862009000200012&lng=pt&nrm=iso>. O artigo foi acessado e analisado, em 23 dez 2023, por eduardoubirajarabatista@gmail.com. Inicialmente, segue um excerto do Resumo de Braga.
A criança queixava-se da dificuldade de aprendizagem. “[…] mostrou, na avaliação, um desempenho defasado daquele esperado para sua faixa etária e para o ano escolar cursado por ela. Apresentou grandes dificuldades em escrita, leitura e matemática; apesar de sua inteligência, não conseguia corresponder ao que a escola exigia dela. Por cinco meses ficou em terapia psicopedagógica, sem melhoras significativas. Após este tempo, tanto com a intervenção ‘jogo da percepção’ ou ‘jogo da família’, como com a constelação familiar sistêmica, a criança passou a aprender os conteúdos escolares, mostrando progressos significativos até o final do ano escolar […]”
Para a autora do artigo, a Constelação Familiar Sistêmica (CSF), teve uma orientação fenomenológica, vista como “[…] intervenção determinante do progresso evolutivo da criança.” Trata-se de uma abordagem que “[…] parte do princípio de que as leis sistêmicas, quando desrespeitadas, trazem desequilíbrios, que criam emaranhamentos e sofrimentos para os familiares.” Neste caso, pode-se reconhecer que o citado desrespeito trata-se de um conflito, entre outros conflitos possíveis, o que implica em dificuldades da aprendizagem, dada à confusão comunicacional entre alunos, professores, pais, a sociedade, incluindo-se a própria escola. Assim, o artigo tem o objetivo de “[…] apresentar […] [a] constelação familiar sistêmica, como abordagem de terapia familiar breve, e possível parceira da psicopedagogia.”
Como se pode verificar, pela intenção pedagógica de Braga, a CFS pode ser aplicada por todas as pessoas responsáveis pelo sucesso da aprendizagem dos alunos. Em particular, destacamos os professores e coordenadores escolares. Isso porque os primeiros fazem ponte de relacionamento aberto com os alunos, enquanto que os coordenadores buscam, nas relações com os pais e com os demais segmentos administrativos da escola, conhecer melhor as inquietações e os comportamentos peculiares da personalidade de cada aluno. Essas duas linhas de pesquisa sistemática e espontânea ajudam a encontrar as variáveis predominantes de apatia pela aprendizagem formal escolar, em contraste com o aprendizado junto aos pais, às demais pessoas e aos meios de comunicação na sociedade, bastante significativos para crianças e adolescentes.
Tendo em vista o exposto, até aqui, vale ressaltar que muitos obstáculos, raízes de conflitos encontram-se, também, em variáveis psicossomáticas, que precisam ser conhecidas nas relações com, ou entre, os alunos, com o fito de se experimentar estratégias desejáveis e aceitas por estes, cuja confiança e protagonismo, que lhes são permitidos, facilitam o surgimento de dicas mitigadoras dos variados conflitos presentes nos indivíduos da comunidade escolar.
Melhores detalhes sobre as observações e comentários deste material de hoje, poremos em pauta na matéria da próxima sexta-feira.
Tenham um excelente final de semana.
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