Teoria da Constelação Familiar Sistêmica: introdução ao modelo de Hellinger, seguido por Storch

Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista

Nas matérias anteriores, em três séries, perfazendo um total de dezenove capítulos, e sempre às sextas-feiras, oferecemos informações sobre: gestão escolar, com base na Teoria Geral da Administração; metodologias ativas para aprendizagem escolar; holismo e humanismo – uma visão mais ampla, complementar, sobre o aluno ativo, protagonista de sua própria aprendizagem, transversalizando-se saberes conteudistas construídos na escola, com a cabível atenção aos aspectos gerais de ordem sócio-cultural, justificando-se a essência e a existência do ser humano.

Vale destacar que a publicização desses nossos estudos está sendo possível graças a mais uma iniciativa da Associação de Servidores Ativos, Aposentados e Pensionistas das Instituições Federais de Ensino em Sergipe – ASAP/SE, para seus associados, e acessível à sociedade, em geral. Especificamente, esses estudos despertam mais interesse àquelas pessoas preocupadas com as mudanças necessárias na gestão escolar, incluindo-se a melhoria da relação ensino-aprendizagem. Inicialmente, vamos expor sobre o significado da Teoria da Constelação Sistêmica, seus objetivos, estratégias de aplicação nas funções administrativas de uma escola e a consequente satisfação do alunado e familiares.

A Teoria da Constelação apresenta-se, também, com os termos complementares – Familiar e Sistêmica –, como um método terapêutico capaz de resolver conflitos no âmbito do sistema familiar, presentes nas gerações de séculos passados. O autor deste modelo foi o terapeuta alemão Bert Hellinger (1925-2019), mundialmente reconhecido e muito estudado nos dias atuais, como um ex-soldado da II Guerra Mundial interessado em analisar o sujeito e as ações deste, a partir de um sistema comportamental originário, básico, ou seja, da família. Para ele, a maioria dos problemas enfrentados por uma pessoa, tais como os traumas, os bloqueios e as diversas e constantes dificuldades, tem origem no passado, não apenas da pessoa em análise, mas, também, de toda a família, até mesmo durante gerações anteriores a ela.

Dado o exposto, em se tratando de um método terapêutico de resolução de conflitos, os consteladores, profissionais seguidores da teoria de Hellinger, viam que as constelações são muito mais do que um referido método de trabalho. Neste caso, da terapia, destaca-se uma análise de como as ranhuras do sofrimento, que Hellinger viu e conviveu durante a guerra, poderia ser pensada a partir do outro lado da discórdia, do conflito, isto é, apoiando-se nas premissas do bem. Assim, a Teoria das constelações estaria voltada para a promoção de novas posturas, as das novas atitudes favoráveis à vida. Por extensão, este modelo seria aproveitado em outros ramos do saber organizado, sistemático, a exemplo do Direito e da Educação.

Logo, um novo personagem relacionado à teoria hellingeriana é o juiz de Direito brasileiro Samir Storch, que vem adotando, desde 2004 a expressão direito sistêmico, bastante utilizada por professores e acadêmicos concluintes do curso de Direito, nos dias atuais. Storch fez um doutorado, abordando a Teoria das Constelações, como instrumento metodológico eficiente para análises e aplicações em diversos processos do Direito, seguindo a ótica da tese de Hellinger. Desta forma, o objetivo principal da vasta literatura pertinente ao assunto, nas diversas especialidades do Direito, é o de identificar padrões disfuncionais, nos moldes do positivismo lógico, repetidos por geração após geração.

Como resultado, esse método das Constelações vem sendo aplicado por Tribunais em todo o país e nas dissertações de mestrado, assim como nas teses de doutorado, devidamente ampliadas em termos conceituais e práticos, com amplo sucesso. Esta postura acadêmica não diminui, apenas, a ação do Poder Judiciário na esfera oficial e pessoal, assim como também, e principalmente, nas relações familiares dos envolvidos no modelo de Hellinger.

Prosseguiremos, na próxima sexta-feira 17, com este sobre a Teoria das Constelações, mais direcionada para a Educação.