Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
A proibição do uso de celulares em salas de aula é um tema que tem sido discutido em todos os continentes. Cada vez mais, estados brasileiros e países ao redor do mundo vêm criando modelos restritivos de admissão e não-admissão da presença de aparelhos celulares nas salas de aula ou em todos os ambientes da escola. O argumento principal é que o uso dessa tecnologia nas escolas é prejudicial …Segundo o Relatório Global de Monitoramento da Educação, organizado pela Unesco, pelo menos um em cada quatro países do mundo já implementou leis que proíbem o uso de smartphones nas escolas.
França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Finlândia, Itália, Inglaterra, Escócia, Austrália, Suíça, Holanda destacam-se por algumas peculiares exceções. Fora da Europa, Canadá, Estados Unidos e México já adotaram a proibição, sendo que há vedação de uso para os últimos anos do fundamental e médio, porém estes estudantes podem levar o aparelho para uso programado pelos professores, para fins de pesquisas. A Austrália proíbe o uso de celulares nas escolas e pretende restringir o acesso de menores de 16 anos às redes sociais. Lá, afora os celulares, são permitidos os relógios inteligentes, desde que estejam no modo avião durante o período escolar.
Há países em que muitas escolas não limitam a sala de aula como o único espaço proibitivo para o celular. A medida estendida é defendida como uma forma de ampliar e melhorar o desempenho escolar, incluindo as relações interpessoais presenciais (tête-a-tête), nos diversos espaços de recreio e de lazer da escola, além do cuidado com a saúde mental. Releve-se que há psicólogos e pedagogos que defendem o fato de que o problema está na forma de como a tecnologia é utilizada, isto é: não há preparação psicológica para uma pedagogia prévia de sensibilização dos(as) professores(as), dos(as) estudantes, do pai, da mãe ou de quem é responsável pela criança ou pelo(a) jovem. Assim, a norma imposta, atropeladamente, fica inviável.
E sabemos que esse viés já vem ocorrendo, há muito tempo, com outros meios de comunicação (rádio portátil, televisão, internet… e, agora, vai acontecendo a Inteligência Artificial, as plataformas colaborativas, as análises transversais, contextualizados com as diversas aparelhagens midiáticas) – ou na rua. A aprendizagem pode, até, piorar, infelizmente, ajudando a empurrar a educação formal ao abismo do fracasso. Na Holanda, por exemplo, celulares, tablets e relógios inteligentes estão sendo banidos das salas de aula. desde o dia 04 de julho deste ano.Há reações, por parte de alguns alunos e pais destes, à medida legal.
Mas a lei tem o objetivo de afastar as distrações levadas pelos alunos para a sala de aula, através desses aparelhos. Quase todos os países, que citamos nesta primeira matéria sobre o assunto pautado, também fizeram restrições. Citemos mais três exemplos. Nas escolas francesas, os estudantes até 15 anos não podem usar qualquer objeto conectado, como celulares, tablets e relógios. A medida também vale até na hora do recreio – exceção para pessoas com problemas de saúde de cuidados contínuos; Na Grécia e Dinamarca, a proibição passou a valer no início deste semestre letivo. Por lá, os alunos podem levar o celular, contudo precisam mantê-lo dentro da mochila durante as aulas – o grau de confiança, por lá, é muito alto.
No caso da aprovação nas Câmaras Legislativas brasileiras, o viés tem maior defeito: o de não conversarem e ouvirem as bases comunitárias, que poderiam ser reunidas em escolas públicas, pelo menos 2 vezes por semana, durante um mês, para uma exposição dos pedagogos, dos psicólogos e de médicos clínicos gerais, com políticos representantes do povo nas citas instâncias legislativas, sobre os malefícios e s benefícios que o mau uso versus o bom uso de quaisquer aparelhos tecnológicos pode instalar-se na personalidade e na saúde da criança e do adolescente. Claro que os(as) professores(as) precisam, também, ter conhecimento das atas ou dos relatórios sobre esses encontros, uma vez que a participação deles(as) com os(as) alunos(as) aconteceria em um outro mês próximo, resultando em novos relatórios.
Qualquer encaminhamento, para levar ao sucesso dessa metodologia, precisa ser fruto da nova percepção, compreensão e de inovações adequadas sugeridas nessas reuniões ou fóruns, visando-se à melhor aprendizagem. Todos(as) devem ser protagonistas da nova arquitetura do ensino producente com a aprendizagem bem sucedida.
Na próxima semana, daremos continuidade a estas reflexões, focalizando o Brasil. Para democratizarmos debates sobre este assunto, é de bom alvitre que as pessoas, que lerem esta primeira parte, fiquem à vontade para dar suas importantes contribuições a este esforço elementar, a fim de vislumbrarmos, em breve, um novo modelo de educação formal aliado às expectativas de todos os participantes desta empreitada.
_____________
(*) ARMSTRONG, Kathryn. Celular na Escola: quais países proíbem o aparelho em sala de aula? In: Role, BBC News, 5 jul. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/educação/celular-na-escola-quais-paises-proibem-o-aparelho-em-sala-de-aula/ Acesso em: 15 nov. 2024 por: eduardoubirajarabatista@gmail
(**) Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/os-paises-do-mundo-que-ja-proibiram-celular-nas-escolas/mobile
Acesso em: 23 set. 2024 por: eduardoubirajarabatista@gmail

No responses yet