Integração da Medicina Veterinária e da Zootecnia do campus Sertão promove abordagem sistemática com produtores familiares de Glória e Canindé
O sertão sergipano vem ganhando notoriedade no cenário turístico regional, sobretudo no que se refere aos atrativos naturais, gastronômicos, de aventura e sustentabilidade. Com isso, pequenos produtores da agropecuária têm buscado restruturações em seus modelos de trabalho, garantindo assim mais qualidade e eficácia na produção animal.
Pensando em alinhar expectativas e promover melhores resultados dentro de uma perspectiva técnica voltada a soluções para maior enfrentamento ao mercado de trabalho e geração de renda, os professores Thiago Vinícius Costa e Lígia Barreto, dos departamentos de Medicina Veterinária e Zootecnia do campus Sertão da Universidade Federal de Sergipe (UFS) desenvolveram o projeto de extensão “Integração Veterinária e Zootecnia no fortalecimento do turismo rural.”.
“A ideia é alinhar as duas áreas para o melhor trabalho com os animais, uma vez que, apesar de a maioria dos empreendimentos no sertão sergipano ser de agricultura familiar e apresentar grande potencial econômico, ainda se mostra bastante carente nas questões de eficiência da produção animal e apresentam incompatibilidade diante da comercialização dos produtos. Dessa forma, o projeto visa estruturar esses produtores como agroindústria para padronização dos produtos, pois eles só possuem o aval da vigilância sanitária municipal e, apenas com esse documento, não podem comercializar em outros locais, como levar a uma feira, exposição etc.”, explica Thiago Vinícius, coordenador do projeto.
Ele destaca ainda a inspiração no Circuito dos Umbuzeiros, projeto de turismo rural promovido pelo Sebrae, e a necessidade de construção de políticas públicas de incentivo à legalização dos estabelecimentos de processamento de carne e de leite com qualidade, através dos selos de inspeção municipais, estaduais e federal.
“Eles irão oportunizar o desenvolvimento socioeconômico da agricultura familiar no sertão sergipano e a conscientização dos produtores a respeito da necessidade de adequar a produção e instalações para o processamento dos seus produtos. Através da obtenção dos selos de inspeção, a organização da cadeia produtiva será bem melhor. Assim, o projeto promove uma abordagem sistemática com produtores familiares de pequenos ruminantes em Nossa Senhora da Glória e Canindé do São Francisco visando à produção de produtos inovadores e com segurança alimentar para a obtenção desse selo”, completa.
Para o estudante Marcos Luiz Carvalho, do 5º ciclo de Zootecnia do campus Sertão, o fortalecimento entre as duas áreas de atuação e o conhecimento sobre a realidade dos produtores contribui para um resultado mais efetivo do projeto.
“De forma geral e por conceitos equivocados, a gente entra na faculdade acreditando na disputa entre as duas áreas e isso não é saudável. Dessa forma, participar desse projeto e entender a realidade dos produtores, suas dificuldades, seus trabalhos, e perceber que existe uma cooperação das duas atuações é um enriquecimento pessoal e profissional que já proporciona uma base para uma atuação futura. A extensão motiva o aluno e o prepara para atividades sociais qualificadoras “, explica Marcos.
Por ser de outro estado, a estudante de medicina veterinária Ana Beatriz Ribeiro ingressou no projeto para conhecer um pouco mais da cultura do sertão sergipano e entender a realidade vivida pelos produtores da região.
“A forma ativa de participação da medicina veterinária no projeto me fez querer sair da zona de conforto e compreender melhor a realidade da região, a cultura e os costumes dos produtores. A integração da Universidade com a sociedade já é impactante e esses lugares precisam ser ocupados, uma vez que o trabalho acadêmico, seja na pesquisa ou na extensão, precisa do pequeno produtor, com seu conhecimento adquirido muitas vezes por gerações, e o produtor também precisa da universidade, através de um olhar mais técnico para ajustar e compreender o que falta de incentivo e de adequação pra melhorar a vida dessas pessoas e a nossa como estudantes”, explica Beatriz, que está no 4º ciclo do curso.
Jéssica Vieira (Ascom UFS)
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