Proibição de Celulares nas Escolas (V): Súmula do livro A geração ansiosa
Apresentador do livro: Eduardo Ubirajara R. Batista
Autor do livro apresentado: Jonathan Haidt
Autor do digesto do livro: Daniel Becker
O presidente da República não sancionou, até esta sexta-feira, o Projeto de Lei que faz restrições sobre o uso de celulares, inclusive nos intervalos e horários de recreio, nas escolas. Assim, não estamos publicando, hoje, conforme prometido na matéria da semana passada, a 5ª e última matéria, com os nossos devidos comentários finais, baseada na série sobre Proibição de celulares nas escolas, pelas crianças e adolescentes do ensino básico, publicada pela ASAP-SE. Segundo Alfano (2025), O Presidente Lula deverá sancionar o pertinente PL 4.932/ 2024, na próxima segunda-feira, 13, cujo teor poderá estender, ou não, a cabível proibição, a outros aparelhos eletrônicos portáteis ou fixos em escolas públicas e privadas, no próximo ano letivo.
Devo confessar que a nossa motivação, para a leitura do importante livro A geração ansiosa, de Haidt, recebi da colega mestra Gema Fontes, aposentada pela UFS, tal como este escriba, a quem agradeço a bem-vinda sugestão. Sou grato, ainda, àquelas pessoas que têm acompanhado nossas matérias sobre o tema anunciado no título acima, que preocupa tanto os familiares das crianças e adolescentes, quanto a escola, que assistem ao declínio do rendimento do alunado.
Com o auxílio de obras semelhantes ao livro de Haidt – cujas informações complementares de reforço estão no 6° parágrafo desta matéria -, e que é fruto de minuciosa pesquisa sobre o colapso da saúde mental entre esses(as) jovens e os maus resultados nas avaliações da aprendizagem na escola, esse livro tem como objetivo final, segundo o autor, oferecer sugestões de ações coletivas para uma infância mais saudável, capaz de acompanhar o progresso da aprendizagem escolar, durante os anos de crescimento etário e do desenvolvimento de saberes pertinentes à programação das disciplinas seriadas. Este tem sido, também, o nosso objetivo principal em nossas matérias sobre metodologias ativas, para o devido protagonismo da aprendizagem escolar, centrado nos(nas) alunos(as) de qualquer nível de estudo formal.
Voltando ao cerne do problema, lembramos que, como o tempo da turminha, fora da escola, é mais dedicado a uma tela de TV ou de um celular, via de regra assistindo a uma programação desconectada com os conteúdos presentes nos programas das matérias disciplinares da escola, além da falta de tempo, por parte dos pais – ou dos responsáveis pelos(as) alunos(as) -, e sem uma supervisão da turma no ambiente digital da escola, que possa acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem de todos(as), sugerimos: vale a pena uma leitura de matérias sobre o assunto em pauta, incluindo-se, claro, esse livro de Haidt, visando a uma boa reflexão, fomentadora da mudança de atenção da turma para uma atitude mais participativa, preferencialmente em grupos ou em outras instâncias de relacionamento interpessoal, voltadas para agregar saberes ao conhecimento necessário para o sucesso dos(as) jovens nos resultados da aprendizagem.
Não obstante ao exposto no parágrafo anterior, nada impede que se possa obter progresso escolar, através de contribuição positiva em consultas a canais de aprendizagem formal, via celular ou por outro tipo de instrumento tecnológico facilitador de acesso ao conhecimento requisitado. O importante é acompanhar o desempenho dessa turminha nos estudos, a fim de que não se deixe agravar, cada vez mais, o estado de saúde, principalmente o mental, possivelmente debilitado, mas que pode, em tempo, ser tratado, se houver a devida atenção de todas as pessoas envolvidas – inclusive com a presença das crianças e adolescentes em quaisquer fóruns de análise e de orientação cabíveis e compatíveis à faixa etária desses(as) jovens atores(as).
Seguem mais informações sobre o livro, em pauta, A geração ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais; e sobre seu autor, Jonathan Haidt, que é Phd em Psicologia Social pela Universidade da Pensilvânia (1992). Trata-se do 1° best-seller do New York Times, desde 2010, e editado pela Companhia das Letras, no ano passado (2024), em nosso país. Haidt é muito conhecido, também, por outras obras, entre as quais o livro A mente moralista. As pesquisas contidas nos livros dele concentram-se mais na psicologia moral e na política. No caso do livro em foco, Haidt apresenta, nas 436 páginas, relatos de uma pesquisa relevante, focada no problema da epidemia de transtornos mentais, que atingiu, ao mesmo tempo, jovens de diversos países, principalmente na década de 2010-2020.
Ao dedicar um capítulo inicial sobre A grande reconfiguração – a ascensão da infância baseada no celular, Haidt (2024, 63-133) afirma: “O que temos visto são jovens hiperconectados, dependentes de smartphones e de [tantos] outros aparelhos com acesso à internet, e que sofrem de problemas, como privação de sono, atenção fragmentada, vício, comparação social, solidão e perfeccionismo.” Ele explica, também, por que as redes sociais prejudicam mais as meninas do que os meninos e por que estes têm migrado, cada vez mais, do mundo real para o virtual, levando consequências desastrosas para eles próprios e para as pessoas ao seu redor. E, no último capítulo (255-328), o autor aponta Ações coletivas para uma infância mais saudável, envolvendo os ambientes vivenciados pela criança e pelos iniciantes da adolescência, com vistas à melhoria do rendimento escolar e a um relacionamento social, eticamente proveitoso.
De acordo com Becker (2024, no verso da contracapa do livro de Haidt), “Haidt examina [com mais detalhes], por que as redes sociais prejudicam mais as meninas e [explicita] os motivos que levam os meninos a migrar do mundo real para o virtual […]. Diante desse catastrófico cenário, Haidt mostra o que pais, professores, escolas, empresas de tecnologia e governos podem fazer, na prática, para reverter a situação e evitar danos psicológicos ainda mais profundos. [É necessário] um plano de ação que não podemos nos dar ao luxo de ignorar, porque o que está em jogo não é apenas o bem-estar de nossas crianças, mas da sociedade como um todo.” assevera Becker (2024).
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ALFANO, Bruno. Editor da Globo. O Presidente Lula deverá sancionar o PL 4.932/2024, na próxima segunda-feira, 13, que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis em escolas públicas e privadas. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/01/09/lula-deve-sancionar-segunda-lei-que-bane-celular-nas-escolas.ghtml Acessado por eduardoubirajarabatista@gmail.com em: 8 jan. 2025.
HAIDT, Jonathan. A geração ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais. São Paulo: Companhia das Letras. 2024.
BECKER, Daniel (autor do digesto do livro A geração ansiosa). É pediatra e ativista da infância. Disponível em: pediatriaintegralbr Acessado por: eduardoubirajarabatista@gmail.com em: 9 jan. 2025.
Boa Leitura!
ASAP-SE (edubira, 10/01/2025)
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