Obra de referência também terá uma edição portuguesa
(Fotos: Schirlene Reis/AscomUFS)
(Fotos: Schirlene Reis/AscomUFS)

Resultado do trabalho de muitas mãos dedicadas à obra da poetisa portuguesa, o Dicionário de Florbela Espanca (Pedro & João Editores) contou com mais de oitenta colaboradores que produziram os 180 verbetes da obra que será lançada no Brasil no próximo dia 15 de março e terá também uma edição lusa. Responsável pela coordenação científica do livro, a professora aposentada da Universidade Federal de Sergipe, Maria Lúcia Dal Farra, explicou como se deu o processo de produção do dicionário e o que ele representa para os estudos sobre a poetisa portuguesa.

“Juntamos florbelianos de sete países para essa obra que é um acontecimento, algo difícil de se ver, ainda mais em se tratando de uma escritora, e é uma obra atualíssima no que se refere às pesquisas sobre a Florbela, quanto ao conhecimento das coisas que já foram ditas sobre ela e aquilo que mais certeiramente tem significado. Nada é definitivo, claro, mas fizemos o que estava ao nosso alcance até este momento, cada um trabalhando na sua área, com muito empenho”, explica Dal Farra.

 

Maria Lúcia Dal Farra foi professora de Literatura Portuguesa na UFS. Também escritora, venceu o Prêmio Jabuti de Poesia (2012)
Maria Lúcia Dal Farra foi professora de Literatura Portuguesa na UFS. Também escritora, venceu o Prêmio Jabuti de Poesia (2012)

Nas mais de oitocentas páginas do dicionário, a obra, vida e fortuna crítica da escritora que nasceu no final do século XIX e morreu aos 36 anos de idade são abordadas através de verbetes como o que foi produzido por Aline Cajé, técnica administrativa da UFS. Cajé tratou dos bustos em homenagem a Florbela. Em seu verbete, dentre outras coisas, ela abordou “a polêmica envolvida na implantação do busto de uma escritora, que havia se casado três vezes, enquanto Portugal estava sob o regime ditatorial do Estado Novo”, relata.

Aline reforça que essa publicação é um marco para a história e crítica literárias, “não só pela qualidade de sua escrita, bem como pelo fato de ser o dicionário de uma escritora mulher. Não vemos muitos dicionários sobre escritores em geral, quanto mais sobre uma escritora de uma época em que o papel das mulheres era bem outro”.

Aline Cajé Bernardo é técnica administrativa da UFS. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)
Aline Cajé Bernardo é técnica administrativa da UFS. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)

A obra teve a coordenação de pesquisa de Jonas Leite, professor do Departamento de Letras da UFPE, e de Fabio Mario da Silva, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A ideia foi gestada dentro do grupo de pesquisa “Figurações do feminino: Florbela et alii”, então coordenado pela professora Dal Farra.

Lançamentos

A edição brasileira do dicionário será lançada no dia dia 15 de março no auditório do CFCH, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A edição lusa da obra será lançada em Portugal, pela editora Edições Esgotadas, nos dias 19 e 20 de abril, respectivamente, na Universidade de Évora e na Câmara Municipal de Vila Viçosa – terra natal de Florbela.

Obra que revisita toda fortuna crítica de Florbela, Caleidoscópio foi publicada em janeiro pela Universidade de Évora
Obra que revisita toda fortuna crítica de Florbela, Caleidoscópio foi publicada em janeiro pela Universidade de Évora

Caleidoscópio Florbela

Uma das maiores referências na obra de Florbela, a professora Maria Lúcia Dal Farra — também escritora, vencedora do Prêmio Jabuti de Poesia (2012) — é responsável pelo que agora já forma uma pequena prateleira de volumes com obras da escritora portugesa ou estudos sobre a sua vida e poética. Desde janeiro deste ano, passou a reforçar esse conjunto de trabalhos o volume Caleidoscópio Florbela, lançado pela Universidade de Évora, em Portugal.

Em outras mais de oitocentas páginas, o livro explora toda a fortuna crítica de Florbela, desde os seus primeiros comentaristas até 1990, percorrendo também sua biografia e poesia, buscando desfazer “equívocos profundos que foram se enraizando na obra de Florbela.” Uma autora caleidoscópica, explica Dal Farra, é justamente o que emerge quando tais equívocos são desfeitos. “Elas são muitíssimas, ~há até uma Florbela puramente regionalista, alentejana, outra amorosa, erótica, é uma coisa muito interessante”, conta.

Ascom

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