Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista

A matéria de hoje dá continuidade à leitura de algumas mudanças ocorridas nas encíclicas Papais, principalmente na Rerum Novarum (Das coisas novas) de Leão XII (1891) e na Quadragesimo Anno de Pio XI (1931), cujos resumos expusemos na Matéria III. Desta vez, veremos resumos e breves comentários de mais 3 encíclicas: Mater et Magistra (Mãe e Mestra) e Pacem in Terris (Paz na Terra), ambas do Papa João XXIII e a Populorum Progressio (Desenvolvimento dos Povos), do Papa Paulo VI.

Esse novo perfil de Carta Papal, defendido, inicialmente, por Leão XII, sob a bandeira da Doutrina Social da Igreja, que se revelou como uma novidade corajosa, tendo em vista um acréscimo às teses do Evangelismo e da Caridade Humana, do modelo antigo das Cartas Papais, onde se constava a ausência de uma abordagem voltada, também, para a (in)justiça social, quando trabalhadores eram/são explorados, desde os modos de produção escravocrata e servil, até o atual modo de produção capitalista industrial.

Dado ao exposto no parágrafo acima, constata-se a destemida atitude dos novos Papas, tal como veremos, aqui, iniciando por duas encíclicas de João XXIII. As bases norteadoras das seguintes 3 encíclicas. A Igreja é chamada a falar sobre questões sociais. O Papa Pio XI pede um restabelecimento da ordem social, com base no princípio da subsidiariedade, na esteira das crescentes concentrações de riqueza e poder em parte do mundo.

Desta forma, a primeira encíclica (Mater et Magistra – 1961) de João XXIII confirma a Igreja como mestra e guardiã dos pobres e oprimidos. O Papa João XXIII pede que as pessoas vivam como comunidade e trabalhem pelo bem comum. O documento dá atenção especial à situação dos agricultores em economias agrícolas em depressão. Observe-se que, ao dar especial atenção, especialmente aos pequenos camponeses agricultores, este Papa demonstra que uma visão coletivista, planejando ações comuns, fortalece a ideia de cooperativismo, de cujas experiências bem sucedidas temos constatado nessas iniciativas, incluindo através da Educação Popular.

Já na encíclica Pacem in Terris (1963), João XXIII, ao desenvolver um estudo, que verifica as relações sociais entre indivíduos, comunidades e nações, ele expõe, nesta encíclica, sobre a necessidade de se proteger os direitos humanos, destacando como a paz se baseia na confiança mútua, compartilhada com os três segmentos, e que só pode ser alcançada através da unidade dos assuntos humanos e, principalmente, fundamentada no respeito mútuo e na lei de Deus. Isto porque é sob a confiança, também, em Deus, que o ser humano não é tentado a querer apropriar-se de bens de seus semelhantes, o que quebraria a corrente da Paz entre os povos.

Quanto à encíclica Populorum Progressio (1967), o Papa Paulo VI, multiplica a atenção dele, voltada à crescente marginalização dos pobres. Ao perceber que nenhum ser humano poderia ficar à margem de uma sociedade solidária, justa, os elementos essenciais do desenvolvimento humano integral e as condições necessárias para o desenvolvimento justo, cooperativo, na mesma linearidade do crescimento econômico, entre todos os povos, seria quase impossível, para não se dizer que imperdoável.

Sabemos o quanto é lamentável assistir comunidades agrícolas mais apoiadas, financeiramente, pelos poderes econômico e político, por exemplo, ante outras que nem irrigações, nem materiais de apoio e nem insumos possuem para desenvolver, pelo menos, uma agricultura para o próprio sustento familiar. Neste caso, também lamentamos que os diversos segmentos da sociedade, inclusive os religiosos, fiquem alheios à miséria de seus semelhantes irmãos.

Na próxima semana, teremos mais 3 encíclicas para refletirmos: Laborem Exercens (Sobre o Trabalho Humano), de João Paulo II, 1981; Sollicitudo Rei Socialis (A Solicitude Social da Igreja), de João Paulo II, 1987; e Centesimus Annus (Centésimo Ano), de João Paulo II, 1991.

 

Observação: As informações, que serviram de base para esta Parte IV, foram coletadas, compiladas algumas partes, comentadas e referenciadas por este autor, com base em referências anunciadas nas Partes I e III. Na próxima parte, colocaremos mais referências.

Bom Proveito! (edubira)

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