Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista

No dia 22 de agosto, consagrado ao Folclore, dedicamos uma matéria pertinente ao título anunciado acima, com os objetivos de lembrar, destacar movimentos culturais e artísticos ligados às tradições populares, enraizadas através do tempo, pelo mundo – aqui incluídos os registros científicos diversificados dos hábitos falares, alimentares e do vestuário regionais do Brasil, etc. Citamos alguns conceitos – etimológicos e revisados para a atualidade. Entretanto, como finalidade maior, quisemos mostrar as atitudes, propostas e expressões bizarras presentes no cotidiano das comunicações das relações interpessoais, seja no âmbito da política representativa do povo, que elege seus candidatos, bem como nos vieses da comunicação midiática e, até nos ataques ideológicos e queixumes entre segmentos religiosos diversos, particularmente em nosso Fundamentalismo Cristão.

Na parte I da matéria do dia 22 de agosto, demos início à abordagem do discurso político, eivado de vícios e bizarrices, historicamente assimilados, seja por desconhecimento de causa, seja por interesses particulares dos candidatos e dos eleitores. Hoje, daremos continuidade aos destaques bizarros, estranhos, entre políticos partidários – entre si e com os eleitores. Citaremos casos, com exemplos, bastante conhecidos pelas classes socioeconômicas média, média-alta e alta.

A maioria dos(as) candidatos(as) a um cargo político-administrativo, seja para vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, prefeito, governador e presidente da república brasileira, não mostra conduta ética na campanha – quando o respeito entre os concorrentes candidatos deve prevalecer -, nem apesenta projetos de políticas públicas bem definidos e viáveis, segundo os perfis: de necessidade socioeconômica, aliada à vital sustentabilidade financeira – incluindo-se a divulgação da reserva de caixa, deixada pelo poder executivo de mandato vincente; de um relatório de pesquisa feito, previamente, constando as realizações de obras – deixadas concluídas, pagas pelo governante que concluiu o mandato, e sem prejuízo para os servidores, que necessitam de suas atualizações salariais, pelo menos com base da inflação acumulada durante os últimos quatro anos.

Note-se que o desconhecimento, ou o descaso, do fato que os servidores assalariados são parte expressiva do alicerce de sustentabilidade do crescimento socioeconômico, representa uma falta de compromisso, de dever moral. Sabe-se que toda bela obra arquitetônica não pode imprescindir ante o direito de sobrevivência digna de qualquer cidadã(o). Aliás, em países ainda subdesenvolvidos, como o nosso, com a sua maioria da população politicamente não alfabetizada, ingênua, os(as) candidatos(as) “sabidos(as)”, que, até, preferem eleitores desse perfil, elegem-se mas não se importam com a linha do crescimento econômico que deveria ser emparelhada com a linha do desenvolvimento social, indiscriminadamente, durante todo o mandato deles(as). Mas a quantidade de cargos de comissão – com ou sem “rachadinhas” – deplora as velhas práticas folclóricas bizarras, desrespeitosas.

Os(as) candidatos(as) precisam estar atentos para a classe média-baixa, que, por conta de mensagens pela TV, rádio e celulares – e é rara uma pessoa dessa faixa socioeconômica, que não possua esses aparelhos, tendo algum conhecimento sobre o que é o oportunismo indecoroso de muitos candidatos(as). Enquanto isso, o folclórico compromisso da maioria das pessoas da classe baixa é de votar em alguém que possa dar alguma dessas coisas: carro-de-mão, tijolos, saco de cimento, dentadura, muleta, cadeira de roda, um colchão, botijão de gás, cesta básica, caixão-de-defunto, cinquenta reais, uma dose de cachaça, uma cerveja, uma bandeira do(a) candidato(a) para agitá-la ou “santinhos” para distribuir durante a campanha. E se o(a) candidato(a) não cumprir o que prometeu neste ano,… “tem nada não; daqui a 2 anos, tamos aí de novo.”

Sobre as promessas, ouvimos algumas sugestões questionáveis: “colégio público para 2.000 alunos(as)” – toda pessoa de boa visão e de bom entendimento, sabe que essa quantidade não favorece um relacionamento social construtivo na escola, pois descobrir onde estão e o que estão fazendo vários(as) alunos(as), é difícil, não promove a docilidade e a solidariedade, dentro e fora da escola, difícil a interação com os pais – e escolas grandes facilitam o uso de drogas, entre outros desvios. E quando há promessa de milagres na saúde pública, nós nos lembramos dos prédios bonitinhos, muitas vezes inaugurados sem a aparelhagem ou sem os profissionais contratados. Pior, ainda, é faltar a manutenção dos prédios – da saúde, da educação -, sem medicamentos e sem livros, etc.

Na matéria do final desta semana, trataremos do folclore bizarro dos meios de comunicação dependentes.

Boa leitura!

(edubira, 9 de setembro de 2024)

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