Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Para orientarmos os leitores desta coluna da ASAP-SE, que veicula às sextas feiras, estamos introduzindo alguns conceitos sobre reducionaismo e seu paradigma oposto, o holismo. O reducionismo clássico (reduz o todo em partes…) foi defendido e consolidado por René Descartes (1596-1650), filósofo, matemático, estudioso e pesquisador da Física. Ele defendia que o todo se divide em partes, e que estas deveriam ser estudadas separadamente. Deu contribuições para a geometria analítica e para a geometria espacial, a partir da criação das coordenadas cartesianas, de perfil dedutivo. Como racionalista, o método argumentativo dedutivo era a base do reducionismo.
Lembramos que, tendo-se feito o levantamento e formulação de hipóteses (método indutivo), estas submetem-se ao teste dedutivo, para provar, ou não, a validade lógica das argumentações indutivo- probabilísticas. A junção desses dois métodos (dedutivo e indutivo) resulta no método hipotético-dedutivo, que teve origem em Karl Popper (1975). Popper criticava as discussões sobre o melhor método (dedutivo ou indutivo), provando que a ciência é hipotética (provisória), e não um conhecimento definitivo. Logo, a aplicação do método dedutivo serviria, apenas, para testar hipóteses já altamente confiáveis, comprováveis.
Por outro lado, contrário ao reducionismo, surgiu o holismo, cujo conceito foi desenvolvido pela teoria filosófica. A palavra foi criada por Jan Christiaan Smuts (1870-1950), um soldado intelectual africano. Em sua obra, Holismo e Evolução, ele defende que “O conjunto [todo] não é mera soma das suas partes [reducionismo], posto que o todo e suas partes se influenciam e se determinam.” Em outras palavras, coisas (objetos, fenômenos, teorias, significados…) precisam ser vistas globalmente e não de forma isolada, com as partes descontextualizadas do conjunto – este é o nexo que soma as partes. Isso pode ser explicado através de práticas integrativas – que veremos em uma quarta matéria sobre o assunto em tela.
Deve-se ressaltar que o paradigma holístico emerge de uma crise da ciência, do paradigma que postula a racionalidade, a objetividade e a quantificação como únicos meios de se chegar ao conhecimento. Já vimos, quando falamos, acima, sobre o método hipotético-dedutivo, que o paradigma cartesiano, também newtoniano, não contempla aspectos emocionais, psicológicos, físicos, antropológicos e intelectuais, ignorando, ao máximo, o potencial de cada pessoa ou caso. O paradigma holístico busca, portanto, uma nova visão, que deverá ser responsável em abandonar toda espécie de reducionismo, porque este paradigma ignora aspectos sensoriais, digamos, o que não reflete, hoje, a realidade das pesquisas, preocupadas com as variáveis intervenientes, que fortalecem ou enfraquecem a relação causal pura (causa→efeito).
Enfim, nesta introdução ao tema holística, mostramos a oposição das idéias do holismo, ante o paradigma reducionista. Para o holismo, a redução do todo em partes separadas, encobre propriedades comuns entre as partes, que se complementam como um todo, que não são explicáveis, apenas, pelas propriedades das partes integradas e dependentes do todo. O holismo é um conceito que surgiu, dentro da filosofia, como juiz que determina que as coisas precisam ser vistas de forma global, em íntima interconexão e não de forma isolada. E Isso pode ser explicado através de práticas a integrativas, como já citamos neste texto – o que veremos mais adiante.
Tenham bom proveito e um novo ano cheio de realizações desejadas!
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