Expectativas com o Papa Leão XIV – agostiniano e franciscano?

Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista

O que esperar de Leão XIV, durante o seu mandato papal? Ele priorizará mais as ações pertinentes àquelas mudanças administrativas, necessárias para um melhor desempenho das missões e ritos do catolicismo romano? Ou ele continuará avançando na doutrina social, sugerida pelo Papa Leão XIII e consolidada pelo Papa Francisco? Em questões de desvios comportamentais, individuais ou coletivos da sociedade, outrora discutidas, condenadas, mas sem força para aprovação, discutíveis, devido aos supostos desvios de conduta no próprio seio do clero. Enfim, a Fé estava em xeque, o que afastava fiéis, diante das notícias sobre más posturas e atitudes, ainda que não generalizáveis, mas incompatíveis com a moral doutrinária.

Antes de entrarmos no mérito da estrada do norte-americano Robert Provest, vamos ver, nesse parágrafo, desde quando já havia a preocupação de um Papa pela defesa de trabalhadores explorados. Assim, apesar da aparente diferença distinguida pela Fé, de um lado – agostiniano -, e do acudir o pobre – pelo viés franciscano -, vê-se que a virtude da Fé é essencial para que se possa alcançar a vontade de servir a Deus, através do amor ao próximo, isto é, servindo às pessoas mais necessitadas. E nas primeiras Cartas Papais, já se vislumbravam algumas preocupações de tal ordem, como a questão da justiça social, defendida primeira encíclica do Papa Bento XIV, “Urbi primum” (Primeiro na cidade), publicada em 1740. Tratava da função dos bispos. Aquele Papa já dizia que “É desumano abusar dos homens, como se fossem coisas, para tirar proveito deles.”(*) Assim, a encíclica dele poderia chamar-se “Primum Operarii” [nota nossa].

O que expusemos, acima, trata-se de um destaque importante, uma vez que se vê, no que concerne a união das ideias de conjunção das preocupações com os ritos cristãos, e com a indiferença da sociedade sobre problemas populares, de certa forma tão desumanos, pode-se perceber sua origem, ainda quando Jesus fazia milagres e, em particular no sábio Sermão da Montanha – das bem-aventuranças, segundo Mateus, Capítulos 5-7. Quando falamos em ritos cristãos (veja no parágrafo anterior), referimo-nos, principalmente, aos sacramentos, como o batismo, a eucaristia, a confirmação, o matrimônio, a reconciliação, a ordem e a unção dos enfermos. Esses ritos sagrados conferem graça e fortalecem a Fé.

Para tratar de questões adversas aos papéis morais e éticos, por parte de uma parcela dos líderes das igrejas, ainda que número nem tanto representativo dos caminhos cristãos, há os concílios (de bispos e arcebispos); os conclaves, ou consistório (ambos de Cardeais, principalmente quando o momento objetiva escolher um Papa). Há, ainda, o sínodo, que é, na Igreja Católica, uma assembleia ou reunião de líderes religiosos, além de Bispos, todos convocados pelo Papa, para discutir e tomar decisões importantes sobre assuntos teológicos, doutrinários, pastorais e, também, administrativos. Esses ritos ocorrem desde o início do Cristianismo. Para responder à questão exposto no título desta matéria, é importante conhecer as diferenças entre o perfil agostiniano e o perfil franciscano, a fim de imaginarmos, qual dos dois segmentos – ou os dois – tomará o sacerdote Robert Prevost, o novo Papa.

É conhecendo, ainda que um pouco, a história de Prevost, que poderemos comparar os dois papéis (missões) possíveis, para se obter uma resposta, bem provável, à questão central desta matéria. É a partir da decisão de recusar o convite para lecionar na Harvard Law (1975), para doar-se à humilde missão de servir aos pobres de vilas remotas, pouco assistidas do Peru, que o quebra-cabeça pode ser desvendado. Assim, o padre seguia o que fazia São Francisco de Assis, porém sem perder o viés do axioma da Fé. Isto porque, através da oração, do trabalho intelectual, da missão de catequética e de ensinar, com base teológica, por onde se entregava com dedicação, com o espírito de Fé contrita, estendida à prática de cuidar dos pobres, faz parecer ser provável que o conhecimento agostiniano prepara um dos representantes de Jesus, a fim de que possa servir a quem tem mais necessidade de solidariedade, de subsistência, através do amor ao próximo.

Dado o exposto, logo o Padre Prevost foi convocado pelo Vaticano, para liderar a Ordem Agostiniana, passando a supervisionar 2.800 Irmãos em mais de 40 países. Não durou muito tempo, foi nomeado Arcebispo, em 2020, a fim de governar Bispos de todo o mundo. E, já em 2023, o Papa Francisco nomeou-o Cardeal, o que lhe rendeu a preferência, pela maioria dos Cardeais, para suceder o Papa Francisco. Como se pode observar, em toda a sua trajetória de servo de Deus, o agora, Papa Leão XIV absorveu e provou a capacidade de administrar as questões internas do Catolicismo Romano, espelhando-se na Fé e na humildade solidária, o que consolidou a eleição dele como o Papa nº 267. Portanto, há uma grande chance de vermos a performance do governo do atual Papa, caminhando com os dois pratos da balança, apoiado pelos fiéis de todos os segmentos sociais, na maioria dos países católicos de boas práticas e ações afirmativas, seguindo o Sermão da Montanha de Jesus Cristo, citado no 2º parágrafo desta matéria. Assim, vimos que a principal diferença entre agostiniano e franciscano reside na sua inspiração espiritual e prática, com Fé. Seguindo a filosofia e a espiritualidade de Santo Agostinho, os agostinianos enfatizam a experiência mística, a meditação, além do intelecto. Já os franciscanos seguem São Francisco de Assis, com foco na pobreza, simplicidade e serviço às pessoas mais necessitadas, desprezadas pelas mais dotadas de poder econômico. Quanto às práticas, dos agostinianos, firmam-se na Fé, através da oração, do trabalho intelectual, da missão de catequese e de ensinar, com dedicação e com base na teologia – conforme já dissemos mais acima. Então, é pela vivência da fé e através da caridade, trabalho com os pobres, serviço aos necessitados e preocupação com o mundo, que os franciscanos continuam representando o Santo de Assis, despojados da vaidade e da vontade de ter, possuir, mas deixar de pregar a necessidade de se crer e ter esperança de que Deus nos atende, não pelo que pedimos, pois Ele já sabe, mas pela Fé que nos sustenta.

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Referência, sugestão para ampliar a leitura sobre o assunto em tela.https://www.reddit.com/r/Catholicism/comments/182unh8/where_can_i_read_briefly_and_clearly_about_the/ Acessado por edubira (2025)

Boa Leitura, bom proveito!

Arte de edição por: Leonardo Teles Simões

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