Professor Eduardo Ubirajara R. Batista
Na matéria da sexta-feira, 29 de março, fizemos uma breve retrospectiva sobre falhas nas pesquisas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que tem a Organização das Nações Unidas (ONU) como origem, e cujo objetivo é promover o desenvolvimento social, tentando, em parceria com governos de todas as partes do mundo, erradicar a pobreza, entre 1965 até 2023. Estamos em 2024 e o PNUD não cumpriu metas nem todo o objetivo do programa. Justifica-se pela má administração da maioria dos projetos dos países. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) não alcançou, também, as metas previstas, dede 1946, quando foi instalada. Citamos indicadores óbvios para a pesquisa, mas que não são utilizados, e os índices viesados.
Não se pode comparar, estatisticamente, por exemplo, regiões com pouca produtividade econômica, com pequena superfície territorial, com clima desfavorável à agricultura, com pouca obra humana qualificada para as poucas ofertas de trabalho, além da péssima distribuição de renda, o que impede um razoável crescimento econômico dessas regiões maltratadas, que promoveriam um compatível e justo desenvolvimento social. Isto ocorre tanto no Brasil, como entre países de todo o mundo.
O estudo, tanto do IDH como do IF deveria levar em conta um cálculo que priorizasse a relação superfície territorial sobre a quantidade populacional, além dos indicadores citados no parágrafo anterior, entre as unidades comparáveis – municipais, estaduais e nacionais. Com uma superfície continental do Brasil, por exemplo, sobre uma superpopulação, uma das maiores do mundo, e levando-se em conta as variáveis intervenientes desfavoráveis, citadas nas duas últimas matérias, não se pode esperar que o IDH e o relativamente associado IF, sejam comparáveis com países pequenos, territorialmente, com riquezas econômicas, melhor distribuição de renda para populações relativamente pequenas.
De acordo com nossas observações na matéria da sexta-feira, 5 de abril, as falhas do IDH se repetem na pesquisa do Índice de Felicidade (IF) de seu povo, independentemente da classe social. Mas o que se observa é que, em muitos casos, ocorre o contrário, até entre os 5 países com maiores IDH. No penúltimo parágrafo da matéria do dia 5 deste mês, expusemos os países com maiores IF´s do mundo. E 4 deles são países com superfície territorial e população pequenas, sugerindo-se que é mais fácil ter uma família pequena feliz, pois os problemas de infraestrutura e de superestrutura do país, a que pertencem, são pequenos, quando a probabilidade de se ter saúde, alimentação e educação boas é alta.
Com relação à Felicidade no Trabalho, esta tem sido uma tônica no campo da motivação em qualquer atividade humana, É que ninguém abre mão de querer ser feliz, se é que ainda não é ou já foi. Há quem diga sentir-se feliz, porque tem um emprego, um empreendimento, uma família, muitos amigos verdadeiros, fé e confiança em Deus, etc. Outras esperam, um dia, alcançar a sensação de estarem felizes. No mundo do trabalho, quando há um bom relacionamento e reconhecimento dos superiores pelas habilidades, competências e esforços de seus comandados, o nível de satisfação, entre todos, libera um “bem-estar de felicidade”. A falta do bom humor, da cortesia ou de um sorriso pode denotar um momento de infelicidade.
Domenico De Masi (1938-2023) foi um grande sociólogo italiano, que ficou famoso pelo conceito de “Ócio Criativo” título do seu mais famoso livro, best-seller, editado em 1995. Tem sido um dos livros mais vendidos no mundo, por abordar uma nova e revolucionária visão nas relações de trabalho. No Brasil, o livro começou a ser vendido no ano 2000. Seus milhões de leitores tinham – e os recentes têm – um grande interesse em refletir, divulgar e adotar esse modelo gerador de satisfação pelo trabalho, A criatividade é a chave principal para que a dinâmica funcional de uma empresa seja absorvida pelos diversos profissionais.
Muita gente arriscou desligar-se de atividades profissionais e acadêmicas, para investir na criatividade. E a maioria revelou, nas rodas de conversas e em artigos descritivos publicados pela imprensa, que estavam realizados com o novo modus vivendi. Para De Masi, o ócio criativo acontece.“Quando uma pessoa trabalha, diverte-se e, ao mesmo tempo, estuda”. Segundo ele, “O tempo livre é visto não como algo negativo, mas como algo […] essencial para estimular a criatividade individual e aprimorar nossa capacidade de nos adaptarmos ao modelo de sociedade […] [pós-industrial, globalizada].”
Essa ideia de De Masi vem-se alastrando há 30 anos e ganhando força nas empresas que tendem a seguir um modelo de Recursos Humanos, cuja experiência prmeira, em 3 fases distintas (experiências de Hawthorn), foi iniciada por Elton Mayo, nos Estados Unidos, em 1927 (De Mais ainda não havia nascido), numa empresa de equipamentos e componentes telefônicos, Western Eletric Company, onde trabalhadores eram desmotivados, com excesso de tarefas, más condições de trabalho, baixa estima, etc.
Naquela época, a equipe de Mayo concluiu que o nível de produção é determinado pela expectativa do grupo de trabalhadores, pelos benefícios, incluindo intervalos de descanso, com refeições, e sábado livre. Sendo reconhecidos, recompensados e aceitos, produziam mais, principalmente em grupos informais. Hoje, muitas empresas permitem que colaboradores possam trabalhar, também, em suas casas, onde se sentem mais felizes.
Bom proveito! Feliz final de semana!
eduardoubirajarabatista@gmail.com
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