Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Após duas matérias introdutórias sobre a Teoria Geral das Organizações e a Gestão Escolar, vamos desenvolver o tema em foco, partindo de um artigo teórico do professor Doutor em Educação (PUC-São Paulo), Ângelo Ricardo de Souza, da Universidade Federal do Paraná, sobre As teorias da gestão escolar e sua influência nas escolas públicas brasileiras. O objetivo do referido artigo de Souza, publicado pela Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos em Política Educativa (DOI: 10.5212/retepe. v.2. 2016), é o de “… cotejar as teorias clássicas e críticas da gestão escolar no Brasil com o cotidiano deste campo nas escolas públicas […], contemporaneamente.”
O referencial básico, que fomenta o trabalho de Souza, inclui renomados pesquisadores da educação da perspectiva clássica, bem como da perspectiva crítica. Os primeiros são: Carneiro Leão, Querino Ribeiro, Anísio Teixeira e Benno Sander, cujos estudos voltam-se para os direitos universais, baseados em uma noção de dignidade ocidental. Já Miguel Arroyo, Fátima Félix e Vitor Paro seguem a perspectiva crítica, com base nas “…diversas formas de compreender e entender […] [o conceito de] dignidade.” (SOUZA, 2016).
É importante lembrar que as teorias da administração nasceram entre os séculos XIX e XX, concomitante à mudança do modo de produção feudal para o de produção capitalista industrial. Os três modelos primários são: taylorismo, com ênfase nas tarefas; burocrático, com ênfase nas regras e normas; e o clássico, focado no gerente, seguindo uma estrutura piramidal (de cima para baixo), cujo poder parte do status funcional diretivo ao operário não qualificado. Dos modelos primários e os secundários até o contingencial atual, tecnológico, vários são os estudos críticos sobre cada modelo, embora não se constituam em empecilhos de caráter determinista, com base nos juízos de valor dos contrários ou contraditórios, vez que todos oito principais modelos são intercomplementares, progressivamente cumulativos, em termos de ganhos e perdas do trabalhador no que se refere às relações sociais do trabalho.
A partir da síntese extraída das conexões entre essas teorias da Administração, Souza desenvolve seu estudo, com base numa contraposição às ideias principais desses citados modelos de pensamento. A partir de tal síntese, o estudo destaca os “… elementos mais emblemáticos daquelas teorias com os estudos mais recentes de campo, que demonstram estar mais articulados à realidade empírica das escolas brasileiras.” (SOUZA, 2016).
Desta forma, o artigo desse autor conclui, afirmando que “… há um grau de desconexão entre as teorias clássicas e críticas [grifo nosso] com a gestão escolar contemporânea, mas [que], ao mesmo tempo, é possível se perceber algumas relações e influências, tendo em vista a forte veia prescritiva da [própria] teoria no campo da gestão escolar.”, em geral. Na matéria da próxima semana, exporemos o pensamento de Victor Paro (1980), cuja tese de doutoramento dele, Administração Escolar: introdução crítica, uma obra bastante pesquisada, até hoje, entre as mais importantes deste período de crítica na área da administração escolar brasileira.
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