Prof. Eduardo Ubirajara R. Batista
Em nossa matéria da sexta-feira dia 20, publicada na terça-feira, 24, sob o título Guerra: a quem interessa?, destacamos, inicialmente, os conceitos contraditórios sobre as palavras guerra, revolução, batalha, golpe e insurreição, todas aplicadas ao bel-prazer, conforme a posição superior em que se encontra o vencedor, ou pseudovencedor. Assim como há contradições na aplicação adequada, ou inadequada dessas palavras, elas existem, também nas justificativas dos comandantes ou chefes das nações litigantes. Vamos refletir, um pouco, sobre fatos que antecederam a guerra, desigual, provocada por um grupo terrorista palestino, o Hamas, contra Israel, a partir do dia 7 deste mês. O grupo é apoiado pelo Irã.
Essa provocação foi rechaçada por Israel, que tem uma potência armada, incomparavelmente maior que a do grupo palestino. Os palestinos atacaram, de surpresa, e os israelenses sentiram-se no direito de revidar. E, enquanto, nas primeiras três semanas de confronto, entre 7 e 28 deste mês, cerca 1.400 israelenses foram mortos, além de 200 outas pessoas que se tornaram reféns do Hamas, mais de 8.300 habitantes de Gaza e Cisjordânia, que pertencem à Palestina, morreram. Há cada 15 minutos, uma criança de Gaza morre e já faltam remédios e hospitais que possam dar assistência aos feridos, além da falta de alimentação e de local seguro para evitar o bombardeio dos tanques de guerra de Israel.
O estreito de Gaza tem uma população de 2.200.000 habitantes, enquanto que Israel tem 9.364.000 habitantes. Enquanto o PIB per capita dos palestinos (Gaza com Cisjordânia, país que tem mais de 3.000.000 de habitantes) é de 5.600 dólares, um dos mais baixos do mundo; o dos israelenses é de 55.025 dólares por habitante. Gaza tem um pouco mais de 42km de Mar Mediterrâneo, há 43km de Israel. Já para se deslocar de Tel Aviv para o Porto de Haifa, são 95km. Aqui se nota o porquê do interesse de Netanyanu se apossar do Estreito de Gaza. As informações ilícitas e escusas do premiê têm demonstrado, na maioria dos discursos oficiais dele, que são distorcidas, com falácias, das mais absurdas às mais tendenciosas.
Se, por um lado, o grupo Hamas, que agiu de forma terrorista, busca reaver grandes glebas territoriais palestinas, apossadas, pouco a pouco, pelos israelenses, desde 1967, Israel desrespeitou o tratado de respeito humanitário a civis que não participam da guerra, aniquilando uma quantidade de pessoas não soldados. O porta-voz do Ministério da Saúde da Palestina, Ashraf Al-Qudra, afirmou, no dia 14 deste mês, que: “As forças militares de Israel atacaram, ao menos, 15 hospitais e unidades de saúde da Faixa de Gaza […] [E que] 23 ambulâncias também foram atingidas [e], enquanto profissionais de saúde atendiam vítimas da ofensiva israelense, 10 paramédicos morreram e 27 foram feridos.” O porta-voz apelou à comunidade internacional para que adote medidas capazes de persuadir o governo de Israel a não bombardear hospitais e áreas próximas a unidades de saúde. No entanto, só do universo de crianças e adolescentes, 2.704 morreram nas três primeiras semanas, em ataques aéreos.
Israel negou à Cruz Vermelha, no dia 12, a permissão de entrada de combustível em Gaza, para evitar que hospitais sobrecarregados se transformem em necrotérios. Israel respondeu que agirá de forma a aniquilar o Hamas, sem abrir exceções humanitárias no cerco que fez à Faixa de Gaza. Julgamos insano esse ato de desumanidade. Antes mesmo de Israel ser atingido pelos primeiros mísseis do Hamas, grande parcela de estudiosos políticos internacionais já questionava por que Israel, tão preparado, estrategicamente, para guerras, não previu, nem descobriu, o plano dos terroristas, evitando a carnificina lamentável, insidiosa.
O fato é que Netanyauh está, uma vez mais, querendo livrar-se, desde 2016 a 2020, de pelo menos cinco processos-casos, envolvendo: conflitos de interesse, com ganhos de presentes e brindes valiosos; oferta de suborno a uma candidata a procuradora-geral de Israel; acerto com Mozes, editor do Yedioth Ahronoth, a fim de prejudicar um concorrente do Ahronoth; acertos abscônditos com a Alemanha, através de pessoas da confiança dele, para compra de três submarinos; e relação espúria com Shaul Elovitch, proprietário de um conglomerado de telecomunicações, usando documentação falsa, com informações favoráveis a transações comerciais.
Até agora, Netanyauh conseguiu a elegibilidade para continuar primeiro ministro – já a mais de 15 anos -, apesar de perder outras pastas ministeriais, fato estranho. Ele não tem apoio de seus principais vizinhos, mas tem da Arábia Saudita, dos Estados Unidos e dos grandes fabricantes de armas. Já o Brasil, apesar de declarar-se neutro, defende que um corredor humanitário, através do Sul de Gaza (Norte do Egito), poderia evitar tanta fome, tanta miséria e tanta morte. Mas a sanha doentia, incontrolável de Netanyahu, não liga.
https://www.google.com/search?q=gaza%3A+pelo+menos+15+estabelecimentos+de+sa%C3%BAde+foram+atingidos&rlz=1C1FCXM_pt-PTBR1073BR1073&oq=gaza%3A+pelo+menos+15+estabelecimentos+de+sa%C3%BAde+ foram+atingidos&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOTIGCAEQRRg60gENNzAxMjE3OTQwajBqNKgCALACA
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Inqu%C3%A9ritos_criminais_envolvendo_Benjamin_Netanyahu#:~:text=Em%2021%20de%20novembro%20de%202019%2C%20o%20procurador%2Dgeral%20israelense,de%20suborno%20no%20caso%204000.
Bom Proveito!
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