Eduardo Ubirajara Rodrigues Batista

Na sexta-feira passada (23/6/23), colocamos um lembrete importante, afirmando que, além das estratégias afirmativas para melhorarem a relação ensino-aprendizagem e a consequente promoção do aluno como agente do próprio saber dele, outras variáveis interferentes podem reforçar, positivamente, o sucesso da aprendizagem, como podem inibir ou impedir este intento proativo. Dissemos, no último parágrafo daquela matéria, que “… para antes de qualquer casamento, é aconselhável que as Secretarias de Educação e instituições não-governamentais ofereçam seminários aos futuros cônjuges, àqueles que almejam filhos e, principalmente, os que sabem da importância de uma relação familiar consistente, permanente e co-responsável pelo êxito continuado de toda a família.”

Isso significa que, no planejamento do casal, haja um projeto de acompanhamento da aprendizagem dos filhos, desde o primeiro ano escolar – ou antes, em casa, nas primeiras orientações despertadoras, a partir de material didático, incluindo estorinhas. Isso evitará que a criança estranhe o que acontecerá nos seus primeiros dias de convivência social e de captação dos conteúdos primários da aprendizagem escolar. Voltando ao fim do primeiro parágrafo acima, dizemos que, para muitos pais (pais e mães), a aprendizagem presencial em um ambiente físico escolar é uma temeridade, tendo em vista os casos de violência – ainda raros, mas crescentes, – que mostram o quanto um fato avesso à educação pode desagradar e desanimar, tanto a criança, quanto os pais.

 

 

O primeiro passo dado pela maioria das escolas e apoiado pelas autoridades responsáveis pela Educação tem sido o de aumentar o patrulhamento em torno das escolas ou introduzir policiais no ambiente interno escolar. Passemos ao desenvolvimento deste assunto, em três capítulos – o primeiro é este, editado por Thalita Pires, do noticiário digital Brasil de Fato. São Paulo (SP), 16 abr. 2023. O título da matéria é “Polícia nas escolas não evita ataques e pode introduzir outras violências: especialistas defendem soluções dentro do campo da educação para controlar agressões.”

Na introdução da matéria, sintetiza-se, em forma de justificativa, a impropriedade do controle ou do aumento da violência nas escolas, sob o auspício de um policiamento ostensivo. “As pessoas mais capacitadas para fazer uma estratégia preventiva são os professores […] A adoção de medidas de segurança ostensiva para o controle de episódios de violência contra escolas está na ordem do dia no Brasil. Após duas semanas em que o medo e o pânico dominaram as unidades escolares do país, [neste ano] com a ocorrência de dois ataques com mortes e, pelo menos, quatro agressões com feridos, a resposta de diversos estados vem sendo [lamentavelmente] aumentar a polícia nas escolas.” E segue:

“Em Santa Catarina, estado que sofreu com o mais violento dos ataques, que resultou na morte de quatro crianças, o governador […] anunciou que haverá um policial armado em cada escola da rede estadual. Em São Paulo, o governador […] anunciou que as escolas poderão contratar segurança particular desarmada e que haverá, também, um policial em cada unidade. Outros anúncios do mesmo tipo estão em curso em todo o país. Mas […] isso não parece que funcionará. Especialistas em segurança e educação concordam que a presença de forças de segurança em escolas não controla a ocorrência de ataques contra alunos e professores. Pior: eles afirmam que, além de não impedir as agressões, a presença de policiais […] pode piorar o ambiente escolar.” Bruno Langeani, diretor de projetos do Instituto Sou da Paz, assim se expressa: “As pessoas imaginam que, com um policial, estarão mais tranquilas na porta da escola. Isso traz, apenas, uma falsa sensação de segurança.”

Enquanto professor, acompanhando, por 58 anos, casos diversos de rebeldia na escola, também defendemos que essas fraturas na educação devem ser discutidas e resolvidas com sugestões educativas, dentro da escola e não com reações, às vezes, irracionais – seja por despreparo de um policial, seja pela não aceitação de interferências estranhas ao ambiente escolar.

Na próxima semana, continuaremos este capítulo com mais depoimentos abalizados e com nossos comentários.

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Boas reflexões e um feliz final de semana! (edubira)  

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